A LEI DIVINA REQUER O ARREPENDIMENTO PERFEITO



 

A LEI DIVINA REQUER O ARREPENDIMENTO PERFEITO


Toda religião exige do pecador o reconhecimento do pecado, o sentimento de culpa e a expressão de ambos. Cristo parece ter olhado para os pecadores como se eles estivessem mais perto da perfeição humana e os via como potencialmente capazes da transcendência. Ele encarava o pecado e o sofrimento como coisas sagradas em si mesmas; na verdade, modos de perfeição. A racionalização aqui é que a santidade pode derivar das profundezas do pecado e do sofrimento, desde que cada pecado seja seguido por confissão e contrição. ( Contritio é arrependimento “ perfeito”, e attritio, arrependimento “ imperfeito”. O primeiro vê o pecado como o potencial para alcançar a mais alta bondade; o segundo é principalmente voltado para o medo da punição.)

Arrependimento perfeito significa:

Assumir completa responsabilidade pelo pecado. Completa responsabilidade pelos próprios pecados não é o entendimento superficial de que, como Cristo assumiu os pecados do mundo, nós podemos, convenientemente, atirar nossos pecados para Ele e continuar o caminho.
Confissão completa. Devemos olhar para o nosso pecado com repulsa, admiti-lo e romper com o pecado.

Completo ressarcimento do prejudicado. Não  só devemos assumir completa responsabilidade por nossos pecados, mas nossa contritio deve ir além dos sentimentos de contrição, desfazendo o mal gerado pelo pecado. De acordo com a lenda sufista ( como foi contada por James Carse), Abu Yazid fez sua viagem periódica para comprar suprimentos no bazar de Hamadhan, para o que viajou várias centenas de milhas. Quando voltou para casa, descobriu uma colônia de formigas entre suas sementes de cardamomo.
Cuidadosamente embrulhou as sementes de novo e atravessou o deserto para encontrar o comerciante de quem havia comprado as sementes. Sua intenção não era trocar as sementes, mas devolver as formigas para a casa delas.
Para algumas pessoas, pecar se torna um mal hábito, se não um vício entranhado. Elas transgridem, violam os relacionamentos mais importantes e ainda esperam compreensão e perdão. Seja no  trabalho, na família ou na comunidade, elas freqüentemente falham em seus compromissos e não cumprem suas responsabilidades e ainda esperam respostas caridosas. Deus pode perdoa-lo indefinidamente, mas isso não quer dizer que você deva  continuar pecando e exigindo perdão para sempre. Poderia pensar-se que é suficiente experimentar uma gota do mar para saber que é salgado, diz o antigo provérbio. Mas algumas pessoas não param; continuam a beber até se envenenarem com o sal.
Se você não sabe quando parar de pecar, pelo menos deve saber quando parar de pedir perdão. É a criança dentro de nós que espera que o mundo reaja em relação ao nosso comportamento como uma mãe que, na verdade, nunca existiu. De alguma maneira, não importa quão maus nós fomos, nossa mãe supostamente aceitaria e nos amaria incondicionalmente, perdoaria nossas más ações e sentimentos indesejáveis. Isso nunca foi verdade quando éramos crianças, nem deveria ter sido, e definitivamente não deve ser aplicado em relacionamentos adultos. Nenhum conjugue deve perdoar casos repetitivos, nenhum chefe deve tolerar atraso crônico, nenhum amigo deve gostar de falta de reciprocidade. Até Abraão sabia quando parar de pedir a Deus.
No livro do Gênesis, quando Deus resolveu punir as cidades de Sodoma e Gomorra por causa de seus graves pecados, Abraão reconheceu que também deveria haver algumas pessoas inocentes.
Ele perguntou: “ Vai realmente acabar com os inocentes junto com os culpados? E se houver cinquenta pessoas inocentes na cidade? Seria impensável fazer uma coisa dessas, tratar os inocentes e culpados do mesmo jeito e matar os inocentes junto com os culpados. Será que o juiz de todo universo não faz o que é justo?” O Senhor disse: “ Se eu encontrar cinquenta pessoas inocentes dentro da cidade de Sodoma, pouparei todo mundo por causa delas”. Então Abraão continuou a perguntar: “ E se tiver só quarenta, ou trinta, vinte, dez?” O Senhor  repetiu sua promessa: “ Não vou destruir a cidade se tiver dez”. Mas Abraão não perguntou:  
“ E se forem menos dez?”
A virtude do pecado é chegar a um ponto em que a pessoa não precisa mais pecar. Só dessa maneira se obtém o propósito do pecado. Para Christopher Lasch, em seu livro Culture of narcisism  ( A cultura do narcisismo), o pecado deve ser valorizado, pois emoldura o cultivo do espírito pela castidade, pureza, caridade, auto- sacrifício e entrega ascética ao Sagrado. Por  fim, como ele diz, o prêmio da virtude é ter pouco para ser perdoado ou para se arrepender no fim da vida.



FONTE: LIVRO A ARTE DA SERENIDADE
A BUSCA POR UMA VIDA MELHOR
T. BYRAM KARASU
EDITORA:  ARX

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