UMA FALA EXCESSIVAMENTE DOCE



 





UMA FALA EXCESSIVAMENTE DOCE


Esse pequeno veneno, em especial, é uma forma particularmente virulenta de falta de personalidade e da síndrome do tipo “ seja uma pessoa boa, contenha-se”.  Com ele, a adulação é elevada a um grau extremo. Quanto mais raiva a vítima sente, mais dócil ela fica. Ela é particularmente dócil com a pessoa ou com as pessoas de quem estão sentindo raiva. Ela simplesmente não tolera sequer a possibilidade de que alguém sinta raiva dela. Dessa forma ela preocupa-se exclusivamente com as pessoas que de alguma razão podem sentir raiva dela. Invariavelmente essas pessoas são aquelas de quem ela menos gosta e de quem  mais sentem raiva. Ela ignora bastante as pessoas de quem gosta e nas quais confia. Elas não representam ameaça, e ela precisam de toda a energia para agradar seus “ inimigos potenciais”. Ela vive assim num mundo de cabeça para baixo planejado para mantê-la segura mas completamente vazia de felicidade ou  honestidade.
Às vezes a vítima desse estranho veneno pode se destruir totalmente, para impressionar alguém que provavelmente  não causaria nenhum efeito e muito menos viria a ter alguma importância na sua vida. Lembro-me de uma paciente que, depois das primeiras consultas comigo, passou a chegar atrasada a quase todas as sessões. Logo fiquei sabendo que o porteiro do edifício onde fica o meu consultório, que estava entediado e gostava de conversar, a parava para uma longa conversa toda vez que ela chegava para a consulta. Ela não apenas não desencorajava essas conversas como, na verdade, entregava-se a elas esforçando-se para agradá-lo. Mais tarde, fiquei sabendo que ela não gostava desse homem e que o achava grosseiro e maçante. Mas quanto mais ele a irritava, mais ela tentava agradá-lo, o que o colocava num impasse porque ela não queria desagradar-me com seu atraso. Como consequência, ela passou muitas sessões tentando me agradar também. Finalmente, tudo isso ficou claro – com uma raiva considerável . Foi um  grande alívio para ela descobrir que afinal de contas não era uma pessoa tão dócil e que não precisava mais empregar energia e tempo extraordinários para manter a pretensão de ser alguém que ela não era. Evidentemente, à medida que seus venenos deixaram de ser transformados, ela passou a ser mais honesta consigo mesma e com os outros, tornando possível dessa maneira o estabelecimento de relacionamentos construtivos.
“ Docilidade” é a ordem do dia.Docilidade é a grande cobertura, e ela quase sempre encobre um considerável fosso de distorções explosivas, bem como uma grande doença em todos os tipos de relacionamento. As pessoas que se veem como “ dóceis”  fazem disso uma virtude: elas se veem como missionárias especializadas em oferecer a outra face. Esse mito é destruído quando muitas distorções explodem na superfície, produzindo muitas vezes distúrbios emocionais bastante sérios e dolorosos.


FONTE: O LIVRO DA RAIVA
Dr. THEODORE I. RUBIN
EDITORA: CULTRIX

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