Entrevista com o Mikael Ponsardin - Autor do Livro 'Chico Xavier, o homem e o médium'





É com muita alegria que compartilho com vocês a entrevista que o Espiritualidade e Mensagens fez ao Mikael Ponsardin, autor do Livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’.


1-) Diante de uma variedade espiritualista mundial e também brasileira, com tantos nomes de personalidades conhecidas nas mais diversas crenças. O que te inspirou e motivou a escrever um livro biográfico sobre o médium Chico Xavier?

Desde a minha infância, me apaixonei pelo Espiritismo. Depois de ler as obras de Kardec, li todos os livros que encontrei sobre esse assunto. Autores como Léon Denis, Gabriel Delanne, Gustave Geley, Ernest Bozzano, Camille Flammarion, etc. Acontece que o movimento espírita francês quase desapareceu nos anos trinta e eu não encontrava nenhum livro espírita, depois dessa data. Mas a minha sede de conhecimento não estava ‘estancada’.
No meio espírita francês, comecei a conhecer brasileiros e a entender a amplitude desse movimento. Em 2005, fui para o Brasil e visitei alguns centros espíritas. Foi então que me conscientizei da influência dessa pessoa, Chico Xavier, na evolução do espiritismo brasileiro. Tinha claramente um antes e um depois de Chico Xavier no entendimento do espiritismo do povo brasileiro. Percebi, que o ensinamento e o exemplo que Chico Xavier  deixou, tinha que ser difundido fora do Brasil para ajudar a entender melhor o que é o Espiritismo vivido. 

2-) Da trajetória de vida de Chico Xavier, por sinal, muito bem relatada no livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’. Qual a parte da vida de Chico Xavier que mais lhe chamou atenção e ate fez você repensar um pouco acerca da vida?

Naturalmente, o que chama mais atenção na vida do Chico é a sua humildade. Apesar 
de milhares de pessoas que confiaram nele, todas cheias de problemas - os mais diversos. Ele dizia que achava que nenhum deles era diferente de sua pessoa. Ele tinha aprendido com Emmanuel que as palavras contem também uma vibração e quando ele conversava - jamais o fazia com impaciência, agressividade ou maledicência. Se eu devesse lembrar  apenas uma coisa da vida do Chico, seria lembrar do contato com os outros e colocar sorrisos e boas palavras sempre.

3-) Chico era um espiritualista e também um humanista, além de ser muito humilde, pois ele sempre reconhecia os próprios defeitos, os medos e no livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’ enfatiza o quanto que Chico diferenciava o trabalho dele e dos espíritos. Atualmente vemos espiritualistas, que muitas vezes se sentem superiores aos demais. Se põem como ‘pessoas perfeitas’. Como você ver pessoas que muitas vezes valorizam o médium ou líder religioso de uma maneira a vir tratar essas personalidades como um Deus, esquecendo assim que no mundo existe um Criador maior do que a nossa limitada compreensão humana?

 Se algumas pessoas fossem perfeitas, com certeza não precisariam reencarnar na Terra ! O espiritismo somente nos incita a  melhorar-nos. Pretender à perfeição é uma incompreensão do que é o espiritismo. Ademais, essa pretensão inatingível cria pressão negativa dentro das pessoas, como a culpa, desvalorização e  até a depressão. 
O espiritismo veio criar uma ruptura com o comportamento religioso passado. No espiritismo, não tem hierarquia pois cada um de nós tem que educar-se e emancipar-se. Não basta assistir palestras ou receber passes  precisa reformar-se. Com certeza é mais cômodo contentar-se em seguir um "líder", sem refletir, sem questionar. Esse comportamento herdado do passado todavia existe mas vai a diminuir com a difusão dos valores espíritas. 


4-) Um dos fatos que me chamou bastante atenção no Livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’, foram os aconselhamentos de Emmanuel e a postura dele diante de toda essa realidade, que nós, encarnados vivemos. Ele sempre enfatiza que Chico tem capacidade de ultrapassar barreiras sociais e os próprios limites. Dessa maneira, ele quebra o estereótipo de ‘anjo protetor’, pois em alguns momentos Emmanuel se comporta como um verdadeiro pai, enfatizando o trabalho, a caridade e a própria meritocracia (fazeis o bem para colherdes o bem). Diante desse fato, o que te chama mais atenção na postura de Emmanuel?

Com certeza, Emmanuel quebra a imagem do guia espiritual cujo papel é de facilitar-nos a vida! Acho muito interessante essa postura de Emmanuel, pois nunca nos dar a oportunidade de nos conformar com os nossos defeitos. Nos ensina sempre a enfrentar as provas da vida. A palavra de Emmanuel é a antítese do desânimo.

5-) Como você ver a tamanha imposição de crenças maiores no Espiritismo? No livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’, mostra que muitas vezes o catolicismo e outras crenças de grande repercussão em território brasileiro, se puseram contra a ascensão Espírita.

Não quis enfocar a comportamento das outras religiões para com o espiritismo mas sim enfocar na dualidade de muitos religiosos que não gostavam de espiritismo, porém que tinham respeito e até admiração com o Chico. 

6-) Muitos escritores e pensadores, acreditam que as religiões deveriam se unir se tornando universalistas. Dessa forma unindo princípios comuns como o amor a um Deus, a caridade e a valorização da vida tanto espiritual - quanto a nossa vida no momento que estamos encarnados. Como você ver essa unificação? Acha que seria viável, devido as particularidades de cada religião?

Não sei se tal unificação seria viável porque não combate o verdadeiro problema: o coração do homem. Podemos fazer uma comparação com a política, creio que qualquer sistema político, que seja capitalismo, socialismo, comunismo, o liberalismo poderia ser viável se o coração de todos os homens fosse bom. Ao inverso, a atualidade nos mostra que os homens com pouca moralidade sempre acharam um meio de contornar as regras e o sistema. Então, quero dizer que não basta criar um novo sistema espiritualista para melhorar tudo, sempre terá divisão e incompreensão enquanto  o coração do homem não esteja pronto. 

7-) No mesmo livro, ‘Chico Xavier, o homem e o médium’, mostra que Chico foi “estudado” por um engenheiro – cientista enviado pela NASA até a cidade de Uberaba, assim como mostra duas vertentes científicas que chama muita atenção. Uma que procura estudar o espiritismo de maneira que venha analisar a veracidade de fatos ocorridos na doutrina e outra que contribui com a espiritualidade, unindo harmonicamente a crença com os estudos científicos. Chico mostra claramente que  na Europa e outras regiões, há um Espiritismo voltado para o lado científico, já no Brasil a tendência é um Espiritismo com ênfase no cristianismo, ate mesmo devido a nossa cultura que tem fortes influências cristãs. Diante de toda essa realidade, você ver a ciência como um atalho que vem a contribuir com demais crenças ou como algo que prejudica, basta lembrar que o próprio Vaticano muitas vezes se torna um empecilho em diversas pesquisas científicas, a exemplo das pesquisas com células troncos?

Não podemos esquecer que o espiritismo nasceu a partir do momento em que Kardec decidiu observar os fenômenos mediúnicos com o método cientifico. Quando ele ouviu falar das mesas girantes, ele ficou incrédulo e depois de ter assistido ao fenômeno, ele achava que tinha como origem a força natural ainda não descoberta. Foi o estudo dessa força que foi a origem da codificação. O espiritismo continua sendo uma ciência, uma filosofia e uma religião. Por necessidade, foi o ultimo aspeto que se desenvolveu mais no Brasil, mas sem os dois outros o espiritismo para de ser espiritismo. Hoje no campo da medicina, encontramos muitas observações que vêm a sustentar a hipótese espírita. Creio que Associação dos médicos espíritas, que começou a pesquisar e publicar fora do Brasil, pode ter um papel muito importante para enfocar a interação da medicina e  da espiritualidade. 

8-) Quanto tempo você empregou, enfim, se dedicou em pesquisas e na própria produção escrita do livro ‘Chico Xavier, o homem e o médium’?

Mais ou menos quatro anos. Demorei um ano para aprender o português e quase dois para ler todos os livros da bibliografia. A síntese demorou muitos meses. Demorou bastante tempo, pois tenho um trabalho e me dedico ao livro apenas durante o meu tempo livre. 

9-) Quais sãos as dicas que você daria, para quem deseja ser escritor e quer vir a publicar um livro?

Não tenho dicas pois não me vejo como escritor. 
Tenho uma formação cientifica e não tinha vontade de escrever tal livro. No primeiro lugar, queria achar uma biografia já feita sobre o Chico para traduzi-la. Acontece que não encontrei tal biografia pois existe bastante livros sobre Chico mas nenhuma biografia integral da sua vida que seja adaptada ao meu desejo. 
Finalmente comecei a sonhar com os capítulos do livro. Esses sonhos me incomodavam tanto que não podia mais dormir. Somente quando anotava as idéias, elas saiam da minha cabeça. Foi dessa maneira que comecei a escrever. 

10-) Para finalizar essa entrevista. O que você deixa como mensagem para todos nós?

Queria apontar a importância de Chico Xavier para o Brasil. O Chico é ainda um desconhecido na Europa e no mundo, fora do Brasil. Mas tenho a certeza que no futuro será um dos personagens  mais respeitados do século vinte. 

 



Quero agradecer ao Mikael Ponsardin pela atenção em esclarecer dúvidas e por nos conceder essa entrevista. Que Deus continue abençoar sua família e seu trabalho.
  Agradeço também a todos os participantes da doutrina espírita que tanto contribuem com essa bela doutrina. Que Deus abençoe a todos nós. Amém.

*Entrevista realizada via e-mail.

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