Você é o que você (quer) ver no espelho




Você é o que você (quer) ver no espelho

Ultimamente vi em muitos blogs postagens sobre a relação entre aparência e o tal padrão social que nos é imposto. E eu pensei: “Vou dar uma injeção de ânimo e auto-estima nos amigos do Espiritualidade e Mensagens”. E por falar em padrão social, não estou em nenhum padrão exigido pela sociedade pois sou mais alta que a maioria das mulheres, estou bem acima dos 1 metro e 65 centímetros e também do manequim 38. E sempre vejo pela internet dizendo que o sonho de toda mulher é vestir 38, bom só se for o sonho delas, porque o meu sonho é bem diferente de tudo isso. As pessoas não são iguais e não podemos ter medo algum de ser diferente.

Quando uma pessoa chega ate a mim e diz: “Você engordou” e eu concordo, engordei mesmo, engordei porque tenho comida em casa, estou feliz e pouco me importa se na balança marca números diferentes. Algumas pessoas acham que o fato de você ter engordado está relacionado à tristeza e depressão, como se pessoas magras não chorassem e não tivessem problemas também. As pessoas podem engordar por diversos motivos.

Quando mais jovem, tinha todas as neuras próprias de uma mulher comum, fazia as dietas mais malucas possíveis, e o pior que nunca me sentia bem comigo mesma. O dia foi passando e eu fui me cansado como a sociedade dita minha vida, eu sempre critiquei a sociedade e essa postura de “ideal” que eles criam para tudo. Já percebeu que tudo tem um padrão e modelo? Sem falar que sempre tive ideias que muitos adultos não tinham, sempre defendi liberdade total de escolhas, sempre fui contra a opressão de gênero, e as limitações que impõem a determinado gênero. Então isso tudo me incomodava muito mais do que o meu manequim. O que mais me incomoda ate os dias de hoje é essa cultura absurda do estupro de que “a mulher que provocou”, essa violência excessiva contra as pessoas por serem diferentes e as tantas injustiças sociais que existem por mundo a fora. Então, a medida que eu fui completando aniversários e percebendo que o mundo era mais extenso que meu quarto, foi quando eu realmente percebi que o problema com o número do meu manequim era fixinha para o problemas que temos na sociedade.

Quando li algumas postagens sobre transtornos alimentares, algumas pessoas alegam que “se não emagrecer nunca vai casar”. E eu fico pensando: “Meu Deus, como vai ser a vida dessa pessoa, pois terá que contar números na balança constantemente?”. E isso é tão sério. Não penso com qual idade irei casar ou se quero casar, pois não sei se acordarei viva no dia seguinte, portanto não vamos planejar o dia de amanhã se o dia de hoje ainda nem terminou. Li em outra postagem, que uma gestante não queria engordar. Ou seja, a gestação automaticamente implica em engordar, afinal de contas você está esperando uma segunda vida e ainda assim algumas pessoas estão preocupadas em  engordar o mínimo possível, segundo alguns especialistas tem que engordar pelo menos 10 quilos durante a gestação – ou seja querendo ou não a pessoa vai ter que engordar de todo jeito, afinal é uma lei própria da natureza.

Eu sei que a mídia coloca padrões absurdos tanto para homens quanto para as mulheres, mas a mídia só age assim porque nós compramos esses padrões. Ficamos pensando sobre isso e o pior nos sentindo mal por sermos quem realmente somos. Eu não me sinto mal em pensar diferente de algumas pessoas, em ser diferente de outras ou agir diferentemente. Não estou disposta a mudar com o intuito de ganhar simpatia e aceitação alheia, não quero ser algo que eu não sou para ganhar sorrisos de meias- verdades.

Eu gosto do que eu sou, eu gosto do meu quarto, eu amo meus livros, eu amo a maneira como eu penso e se a sociedade não gosta ou não ama isso... Ela que resolva mudar. O que eu não entendo, é que passamos anos lutando contra a opressão militar e hoje estamos lutando contra a mesma opressão, a diferença é que, quem dita as regras é “o corpo perfeito”.

Eu não sou contra quem cultua o corpo - porque penso que as pessoas são livres para cuidar e fazer o que bem entenderem com o corpo delas, mas sou contra quando isso se torna uma imposição de que se X pessoas agem assim, as pessoas automaticamente devem agir também. E a minha constante indagação é: “Por que eu tenho que agir assim?”

Somos o que olhamos no espelho, se eu olho no espelho e me sinto bem com a minha imperfeição – não devo comprar o que as revistas vendem como ideal. As pessoas precisam se amar mais porque ter o corpo perfeito ou imperfeito não é garantia de felicidade eterna. Ou melhor, estamos o tempo todo tentando comprar a felicidade e o pior que ate a felicidade vem com sua dose de “felicidade ideal”. A felicidade está nas pequenas coisas, a felicidade não está na vida linda e perfeita dos filmes  - ela está na nossa vidinha rotineira, em quem nós somos e na simplicidade de coisas que nos cercam. Vamos olhar mais para a nossa vida, ficar mais felizes com nós mesmo, comemorar nossos sucessos e ate insucessos, amar também as nossas imperfeições pois é a única maneira viável de viver sendo feliz.

Não se incomode com o que você não tem ou que você não é, mas se importe e valorize muito o que você tem e o que você é. Eu não vou conseguir salvar o mundo e nem nasci para tal feito, mas se ao menos eu conseguir salvar a minha própria vida, já me dou por mais do que satisfeita.

Jéssica Cavalcante

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