REPLETOS DO ESPÍRITO


 

REPLETOS DO ESPÍRITO

A experiência do milagre é impossível sem a abertura de nosso coração à ação do Espírito Santo, pois, além de o milagre ser uma manifestação própria do Espírito, é o Espírito que nos prepara para acolhermos o milagre, pois nos possibilita a graça da experiência concreta do amor que Deus derrama nos nossos corações ( Rm 5,5).

Deus não se economiza na doação do Espírito. Ele o dá sempre em abundância, especialmente a nós que somos seus templos vivos (  1 Cor 3,16). Esse é um segredo muito importante que nos possibilita experienciar os milagres de Deus: saber quem nós realmente somos! Enquanto não soubermos quem somos, aos olhos de Deus, não nos amaremos e nem seremos capazes de testemunhar o amor.

Este amor que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo é puro dom, é graça, é presente de Deus. Quando acolhemos essa certeza, podemos repetir como o salmista: Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso. Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma. Nada de minha substância vos é oculto, quando fui formado ocultamente ( Sl 138,14-15).

A partir dessa certeza, e pela graça do sacramento do batismo, você pode dizer, sem falta modéstia: Eu sou templo do Espírito de Deus; eu sou Filho(a) de Deus; eu sou Amado(a) de Deus. Deus pode e quer fazer muitos milagres em minha vida.

Infelizmente, a partir da experiência do pecado, perdemos a consciência dessa graça e nos fechamos em nós mesmos, indo pouco a pouco nos esvaziando do dom que Deus colocou em nós pelo seu Espírito.

Para que possamos tomar posse dos dons que Deus tem para cada um de nós precisamos acolher o Espírito. Para isso é preciso romper com o pecado e reavivar a chama do dom de Deus que recebemos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria ( 2 Tm 1,6-7).

Reavivar significa fazer renascer, ressuscitar! É verdade. Infelizmente em muitos de nós a chama do dom de Deus está apagada pelo pecado. Do mesmo jeito que um copo virado sobre uma vela pode apagá-la na medida que sufoca a chama, o pecado vai sufocando a chama do dom de Deus que está em nós. Este é o grande objetivo do encardido: sufocar a chama do dom de Deus.

Reavivar é passar pela graça de uma nova Efusão do Espírito, é assumir o Batismo do Espírito Santo. Para que isso aconteça precisamos tomar consciência de nossa fraqueza e permitir que o Espírito de Deus desabroche em nós. Deus sempre nos respeita. Ele não nos violenta nunca. Por isso, espera nossa liberdade e permissão.

Deus nos oferece a possibilidade de sermos conduzidos pelo Espírito Santo. O Espírito é o grande mestre e pedagogo. Ele é o outro paráclito, aquele que nos defende dia e noite. E ele nos defende não somente das artimanhas e armadilhas do encardido. Ele nos defende de nós mesmos. Do nosso egoísmo e da nossa prepotência.

Quando permitimos que o Espírito Santo conduza nossa vida (Gl 5,16), ele vai nos ensinando a derrotar o pecado. Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece ( Jo 14,16-17).

Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho ( Jo 15,26-27).

Disse-vos estas coisas para vos preservar de alguma queda... Digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo. Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim... Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade ( Jo 16,1.7-9.13).

São João nos apresenta sempre o paráclito como o Espírito da Verdade. E isto exatamente porque o encardido é o espírito da mentira. Ele é o pai da mentira.

O Espírito Santo é aquele que vem dirigir nossa vida segundo Deus. Jesus Cristo já derrotou o pecado. O Espírito Santo é aquele que vem em socorro a nossa fraqueza para derrotar o pecado que está em nós. Somente quando permitimos que Deus viva em nós e através de nós, pelo Espírito, é que o pecado passa a não ter mais nenhum poder sobre nós.

Longe do Espírito Santo nós somos dominados pelo pecado. E como Deus não nos obriga a nada, já que não somos fantoches ou bonecos animados, mas livres segundo sua própria imagem, o Espírito só pode agir em nós através de nossa liberdade e permissão.

Esta liberdade não pode ser pura e simplesmente uma adesão falada (1 Jo 3,18). É preciso amar e viver concretamente o amor, por gestos e atitudes. Logo, abrir-se ao Espírito significa renunciar concretamente ao encardido. Eu não posso obedecer ao inimigo! Abrir-se ao Espírito é fechar-se ao encardido.

A vida segundo o Espírito supõe uma dinamicidade constante. O Batismo do Espírito não é algo estático e definitivo. Embora os dons de Deus sejam irrevogáveis, a ação do espírito em nós está diretamente ligada à abertura do nosso coração.

É preciso encher-se do Espírito (Ef 5,18)  e não contristá-lo, pois estamos selados para o dia da redenção (Ef 4,30). Aliás, Paulo nos apresenta uma realidade quase absurda ao falar sobre a atuação do Espírito Santo em nós. Ele diz claramente: Em Cristo também vós, depois de terdes ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com o Espírito Santo que fora prometido, que é penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor de sua glória (Ef 1,13-14).

Eis aí, do ponto de vista humano, um grande absurdo. Aliás, só não é absurdo quando compreendemos até que ponto chega o amor de Deus por nós ( Jo 3,16;13,1). Pense bem no que significa a palavra Penhor usada no texto aos efésios.

Penhor é o direito real que vincula coisa móvel, ou mobilizável,  a uma dívida, como garantia do pagamento desta. O que constitui essa garantia, normalmente, é entregue ao credor. Penhor é, portanto, garantia, segurança, prova.

A penhora é uma apreensão judicial de bens, valores, dinheiro, direitos etc. pertencentes ao devedor executado, em quantidade bastante para garantir a execução. Ora, Paulo diz que o Espírito Santo é o penhor da nossa herança. Ele está dizendo que Deus, no seu amor infinito, penhorou o Espírito Santo em nosso favor. Penhorar é dar em garantia, é empenhar, é apreender em virtude de alguém ou de algo. Em sentido figurado, penhorar é dar motivo de gratidão, é tornar agradecido, é obrigar, cativar, exigir por obrigação, impor, afiançar.

Perceba até onde vai o amor de Deus por nós. Compreendemos assim muito bem o que significa o termo Paráclito, tão querido e tão usado por Jesus.

Paráclito é muito mais do que o advogado de defesa. É aquele que se coloca em nosso lugar. É aquele que assume para si as consequências de nossas atitudes. É o nosso grande defensor. Ele entra em nossa frente para nos defender. Como um segurança que pula na frente de seu protegido para impedir que seja atingido por um tiro ou um soco, o Espírito santo pula na nossa frente para nos defender dos ataques do encardido.

Por isso, além de nos abrir ao Espírito, precisamos permanecer cheios de sua graça. É preciso desejar, do fundo do coração, a plenitude do Espírito. A partir deste desejo profundo, que precisa ser transformado numa vontade decidida, vamos abrindo o coração e a vida à ação do Paráclito.

Para sermos cheios do Espírito, precisamos esvaziar nosso coração de tudo aquilo que é obstáculo para ele.

FONTE: LIVRO EXPERIENCIAR MILAGRES
PE. LEO, SCJ
EDIÇÕES LOYOLA

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