COMO SALMODIAR



 

COMO SALMODIAR

Quanto a ti, imita os que salmodiam de quando em quando, raramente... A salmodia frequente é ocupação dos ativos, por causa de sua ignorância e do cansaço que ela impõe; mas não dos hesicastes, que se contentam de orar a Deus, sé em seu coração, e de permanecer ao abrigo de qualquer pensamento... Quando vires a oração operar e se exercer em teu coração sem cessar, não a interrompas, nem te ergas para salmodiar, a menos que, com a permissão de Deus, ela te deixe primeiro. Porque seria abandonar Deus dentro, para lhe falar fora e cair das alturas sobre a terra. Sem contar que causas dissipação e perturbas a tranquilidade de teu espírito. Pois a quietude ( hésychia), como o nome indica, possui também a ação: ela a possui na paz e na tranquilidade.

Aos que ignoram a oração, convém salmodiar muito e ficar continuamente na multiplicidade, para somente quando sua ação penosa os tiver conduzido à contemplação, quando tiverem encontrado a oração espiritual que opera neles. Uma é a ação do hesicasta, outra a do cenobita. Quem for fiel à sua vocação, será salvo... Aquele que pratica a oração baseando-se que ouve e no que lê, perde-se por falta de mestre.

... Se alguém quiser chicanear, objetando que os santos Padres ou certos modernos praticaram a estação noturna e a salmodia ininterrupta, responderemos, firmes no testemunho da Escritura, que nem tudo é perfeito em todos; que o zelo e as forças têm limites, e que “ o que aos grandes parece pequeno, não é necessariamente pequeno, nem o que aos pequenos parece grande é necessariamente perfeito”. Para os perfeitos tudo é fácil.

Aí está por que nunca todos foram, nem nunca todos serão ativos; nem todos seguem o mesmo caminho ou não o seguem até o fim. Muitos passaram da vida ativa à contemplação, cessaram toda a atividade; celebraram o sabá espiritual, exultaram no Senhor, saciados com o alimento divino, incapazes de salmodiar e de meditar qualquer coisa, por efeito da graça. Conheceram o rapto e atingiram parcialmente, em confirmação, o último desejável. Outros morreram e conseguiram a salvação na vida ativa; receberam a recompensa na outra vida. Outros, cuja salvação se manifestou por uma suave emanação post mortem, somente na morte tiveram a certeza da graça do batismo, que possuíam como todos os batizados; porém, a escravidão e a ignorância de seu espírito impedira-os de participar dela misticamente, quando ainda em vida. Outros adquiriram renome pela oração e pela salmodia, ricos de uma graça sempre em atividade e livre de todo obstáculo. Outros, ainda permaneceram até o fim apegados à hésychia, pessoas simples, contentes, com toda a razão, unicamente com a oração que os unia a Deus, só os dois. Os perfeitos “ Podem tudo em Cristo, que os fortifica”.


FONTE: LIVRO PEQUENA FILOCALIA
O LIVRO CLÁSSICO DA IGREJA ORIENTAL
EDITORA: PAULUS

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